Quando menino, David Livingstone, gostava de ouvir as histórias que o seu pai, Neil Livingstone, contava.
David morava na aldeia de Blantyre, Escócia. Era de família pobre, porém honrada e trabalhadora. Em sua casa havia cinco irmãos – três meninos e duas meninas. Logo bem cedo ele teve que trabalhar para ajudar em casa. O seu pai era comerciante e professor da Escola Dominical.
David trabalhava na fábrica de fiar algodão o dia todo e até à noite. Era o único menino da fábrica. Sabem o que ele fazia enquanto trabalhava na fábrica? Levava um livro e deixava aberto no alto da máquina e aproveitava-se de cada momento para ler uma frase. Com o seu salário da primeira semana comprou uma gramática latina e entregou o restante à sua mãe.
Depois do trabalho, à noite, ele ainda ia para a escola nocturna e, depois das aulas, estudava mais em casa. Estudava tanto que se esquecia da hora de dormir.
Quando David completou 16 anos, teve uma óptima surpresa. Foi promovido na fábrica. Agora, estava numa posição diferente. A de tecelão. Era mais pesado, mas seu salário era maior. David gostou muito disto, porque ele tinha um plano escondido em sua cabeça e iria precisar de muito dinheiro. Qual seria o plano de David? Porque precisaria de ganhar mais dinheiro? È que David sentia, em seu coração que Deus o estava chamando para o seu serviço. David tinha decidido obedecer ao Senhor Jesus Cristo, a quem ele amava e era seu grande herói.
Primeiro revelou o seu plano ao pai, este lhe disse: -“Que bom David estou muito feliz por você e alegre com Deus que o está chamando. Estou certo de que o senhor o irá ajudar. Vamos já falar com uma pessoa muito importante. O senhor Neil foi correndo falar com o pastor da igreja. Seus olhos brilhavam enquanto David falava-lhe do chamado de Deus para ser missionário.
Foi num dia de inverno, quando a neve caía , que o senhor Neil e seu filho David saíram de casa, a caminho de Glasgow. De lá iria escrever uma carta à Sociedade Missionária de Londres, oferecendo-se para trabalhar como missionário em um país estrangeiro.
Chegou a Londres e lá estudou em um colégio missionário, onde foi preparado para a sua grande e gloriosa obra. Foi numa reunião de missionários, que David conheceu um homem alto, forte de barbas longas, e olhos bondosos. Seu nome era Roberto Mofat. Ele havia chegado de África. Olhando bem os olhos de David, o sr. Mofat lhe disse: “Há uma grande planície ao norte da África e tenho visto a fumaça de milhares de aldeias. Nenhum missionário chegou lá até hoje”. “Irei para lá” – Respondeu Davi imediatamente. Após dois anos de estudos, David estava preparado para partir. Foi despedir-se da família. Sua mãe estava preparando o café. Todos estavam ali ao redor da mesa. Para animar a família, David abriu sua Bíblia no Salmo 121 e leu: “O sol não te molesterá de dia, nem a lua de noite... o Senhor guardará a sua entrada e a sua saída, desde agora e para sempre”.
Na despedida, sua mãe e irmãos o beijaram. O pai, vestiu a sua melhor roupa para o acompanhar até Glasgow. Quando chegaram no porto, pai e filho se abraçaram amorosamente. Ele não sabia que esta seria a última vez que via o seu querido pai. O sr. Neil voltou para casa, triste, mas ao mesmo tempo feliz por saber que seu filho estaria servindo ao Senhor. A sua condução agora em África seria um carro de boi. Atravessando campos, rios, montanhas, chegou finalmente a Kurumam onde se encontraria com o sr. Robert Mofat, o missionário que o tinha convidado para África.
Os costumes, na África, eram diferentes. Em uma tribo, certa vez, as crianças estavam sendo levadas a um lugar secreto. Elas tinham de ficar nuas, sem roupa. Os homens batiam nelas com varas enquanto tentavam sair das varandas, pulando, o sangue corria dos seus corpos.
David ficou seis meses na aldeia e logo aprendeu bem a língua deles. Ensinou-lhes também como o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio do céu, se fez homem e, quando tinha 12 anos estava no templo, junto com os sábios, fazendo e respondendo a perguntas. Eles ouviam atentos e aprendiam cada dia com David.
Certa vez, não havia água na aldeia para o povo. O feiticeiro da tribo procurou David e o desafiou a fazer chover, porque ele tentou e não conseguiu nada. David aceitou o desafio e com a ajuda de alguns homens e como havia um rio , cavaram com pás de madeira e fizeram a canalização do rio até á aldeia. Foi o primeiro sistema de irrigação no Continente Africano.
Todos se alegraram e fizeram uma festa. David fundou uma escola em Mebotza, e precisa de uma professora para as crianças, viajou para Kurumam onde morava Roberto Mofat. Lá ele conheceu uma moça muito bonita de nome Maria. Era filha do sr. Mofat. Ele amou a Maria e ... casaram-se, Maria agora era a professora da escola e ensinava as crianças. Tiveram três filhos .Os filhos tinham uma vantagem em relação aos pais. Nasceram em África, e sabem o que eles comiam? Comiam lagartos, rãs, gafanhotos torrados com mel de abelhas.
Um dia David saiu á procura de um lago e viajaram muitos dias. O sol muito quente, não havia água estavam perdidos sem saber o caminho. Quando acharam água, ela estava cheia de insectos e suja. As moscas atacaram os seus corpos. O bébé que Maria, esperava ganhar morreu nesta viagem.
Por causa das enfermidades da família, David resolveu enviar a sua esposa e filhos para Inglaterra, onde passariam dois anos, enquanto ele tentaria descobrir um caminho para a costa leste e oeste de África. Agora, sozinho e triste, longe dos seus filhos e da esposa ele voltou para continuar a sua missão. Quando chegou a casa a sua casa tinha sido saqueada, seus livros queimados e seus móveis roubados. A escola tinha sido fechada , e todos os seus amigos negros estavam assustados. Sabem quem fez isto? Os árabes, inimigos de David. Eram traficantes de escravos, foi um aviso sério e queriam dizer para David não se intrometer nos negócios deles.
Nas suas viagens, David sempre se encontrava com as caravanas de negros, que eram vendidos aos fazendeiros brancos. Os árabes maltratavam os negros, batiam com chicotes, amarravam em correntes e troncos pelo pescoço. David tinha o desejo de acabar com esse tráfico de negros.
David pediu a Sekeletu – chefe dos Mokololos, alguns homens para ir com ele numa perigosa viagem. Mas, com muita dificuldade, David conseguiu 27 homens. Ele amava os negros como Jesus os amava também. A bagagem era pouca. Um baú com roupas, uma caixa com medicamentos, livros, entre eles a Bíblia, uma barraca e poucas coisas mais.
David se colocava na frente, e atrás iam os seus homens. A viagem era feita pelos rios e matas, nas terras pertencentes a Sekeletu. A s outras tribos não os deixavam passar sem cobrar uma taxa. Queriam presentes tais como: homens, para serem escravos, bois, espingardas, dentes de elefantes, etc. Eles eram maus. David não iria dar seus amigos para serem escravos – jamais. David não tinha medo. Ele confiava em Deus.
David viajou seis meses, sempre correndo perigo de vida. Ameaças todo tempo, nos rios, florestas, montanhas; fome, sede, doenças, febre, cobras, etc. David prosseguia, não era um homem fácil de desistir.
David havia descoberto o caminho: Era o mar! Ele não podia se conter de alegria. Louvava a Deus por esta vitória tão grande. Chegaram a Luanda. Os negros ficaram admirados. Eles nunca tinham visto o mar, nem mesmo sabiam que existia tal coisa.
Que maravilha! Como Tu és majestoso, Senhor, pela natureza tão bela! Eram as cataratas formadas pelas águas do grande rio Zambeze. Eram muito maiores que as cataratas do Niágara. “Tenho uma ideia” – disse David entusiasmado – “Vou baptizá-las com o nome de cataratas de Vitória, em homenagem à rainha de Inglaterra”. Foi o primeiro homem a contemplar tal maravilha! David fundou escolas, traçou caminhos para o comércio, descobriu o Lago Niassa, Ngami e as quedas de Vitória.
Já muito cansado pelas constantes viagens, falta de alimentos e febres teve que deitar-se para descansar.
David volta à Inglaterra, após 15 anos que não via a sua pátria, e 3 anos que não falava a sua língua materna – o inglês. No ano de 1845, chegou a Inglaterra onde pode passar um natal bem gostoso com a família.
Brincou com os filhos como nunca antes. Em África não havia tempo para diversão. A sua esposa estava tão feliz porque estava junto com o marido novamente. David foi ver sua velha mãe O pai, que um dia foi despedir-se dele, há 16 anos passados, em Glasgow, havia falecido pouco antes da sua volta. David sabia que o seu pai foi para o céu, e um dia iria encontrá-lo e abraçá-lo como nunca!
David foi recebido pela soberana rainha de Inglaterra. Seu nome era Vitória, nome que deu às Cataratas que descobriu lá em África. Ele foi honrado pelo governo inglês, por seu esforço como explorador – isto quer dizer: aquele que faz aquilo que David fazia em África – recebeu título de Cônsul. Este título lhe conferia o direito de ser uma autoridade inglesa, em África.
Em 1848, voltou a África novamente. Sua esposa e seu filho mais novo o acompanharam. Ele não imaginava que aquela seria a última vez que veria a Inglaterra! Havia muita alegria neste reencontro! Eles disseram – “ ouvimos dizer que o senhor não voltaria mais. Mas, confiamos na sua palavra!” David ficou muito feliz ao vê-los novamente.
As dificuldades iam aumentando. Mais tarde encontraram uma caravana de homens, mulheres e crianças, acorrentados e amarrados uns aos outros. Os traficantes batiam neles com chicotes. Quando viram David, fugiram com medo. David soltou-os todos. David fundou escolas, missões, abriu caminhos para o comércio, para acabar com o tráfico de negros. Sua esposa teve uma filha enquanto viajava. David só teve a noticia, um ano depois que a filha nasceu. Ela juntou-se à expedição com David.
As viagens eram muito perigosas. Havia doenças tropicais. David levava a sua caixa de medicamentos, quando alguém era picado por mosquitos transmissores de doenças, como a febre amarela, ele aplicava o remédio que salvou milhares de pessoas e até ele mesmo. Maria , sua esposa, teve uma febre violenta. David fez tudo que podia para salvar a sua esposa, mas não conseguiu. Ela morreu, mas ele sabia que ela estava com Jesus, um dia ele iria encontrá-la lá no céu também. Este acontecimento não tirou a coragem de David. Ele enviou os seus filhos para a Inglaterra.
David navegou até Moçambique num pequeno barco a vapor. De repente, sobreveio uma forte tempestade no mar. Um terrível furacão! Por um triz que David foi salvo e louvava a Deus. Chegaram a Moçambique. De Moçambique seguiu para Zanzibar. E depois chegaram á cidade de Bombaim, na Índia. Que alegria, todos ficaram felizes por verem como Deus ouve as orações! Lá ele conseguiu vender o seu navio. Seus homens voltaram para África e David embarcou em um grande navio para Inglaterra. Esta seria a ultima vez a ver a sua família.
De volta novamente a África, ele pode ver novamente o mercado de escravos, com todos os seus horrores. O sultão da cidade de Zanzibar, recebeu-o com respeito. David lhe mostrou os documentos trazidos de Inglaterra provando que era uma autoridade – David era Cônsul em África. A viagem ia se tornando cada vez mais difícil para o missionário David. Sentado, meditava, o que iria fazer. Agora desejava saber, assim como todos os homens do mundo inteiro, onde nasciam as águas do grande rio Nilo. A maioria de seus homens não quis acompanhá-lo nessa nova viagem.
No ano de 1869, a chuva não cessava, moscas tsé-tsé e as sanguessugas atacavam novamente. A viagem se tornara impossível. David, já estava doente, com pneumonia ... cansado já não podia andar mais.
Os seus amigos fizeram-lhe uma maca com a parede de seu quarto, que desmancharam, e ali o puseram para ser levado. Tinham de andar 25 léguas, a pé a um lugar de nome Ujiji, onde esperavam encontrar cartas, remédios, alimentos, roupas, jornais, etc., enviados de Inglaterra para ele. Enfraquecido ainda pela febre, viajando carregado, orava para que chegasse a Ujiji. No caminho, enquanto era transportado, pensava: “Ah! Se descobrisse onde ficam as nascentes do grande rio Nilo!” David fazia desta sua vontade um assunto de oração a Deus. Mais tarde ... enfraquecido atravessou o lago Tanganika e chegou ao país dos manuiemas: eram pigmeus que usavam uma arma perigosa – dardos inflamados de veneno. Também tinham um mau costume – comer cadáveres de gente.
Nesta viagem para Ujiji, foi vitima de vários atentados feitos pelos seus inimigos. Duas vezes uma lança quase o atingiu. Outra vez, armaram uma armadilha em seu caminho – cortaram uma grande árvore e a soltaram em cima dele, mas conseguiu sair fora a tempo; viajando de noite e de dia. Uma triste surpresa o aguardava ali em Ujiji. Ao chegar, esperava ansioso ter notícias de Inglaterra. Mas sabem o que havia ali? Nada – Nada! Tudo o que foi mandado para ele, tinha sido roubado. Seus livros queimados, suas cartas, jornais, etc., móveis roubados pelos traficantes árabes. O sultão de Zanzibar tinha lhe prometido que lhe daria apoio, mas o havia traído. Deu ordens para acabar com David. Pois não queriam que ele os impedissem de continuarem com o negócio de tráfico de negros.
Enquanto descansava em Ujiji, leu a Bíblia toda quatro vezes. Já haviam dado notícias de que ele tinha morrido. Há mais de dois anos, nenhuma correspondência dele, saía de África. Agora o que é que os traficantes inimigos esperavam? Isso mesmo. Eles esperavam a morte de David.
Na Inglaterra, uma expedição foi enviada à sua procura e nada conseguiu. Não acham David. Por causa das chuvas incessantes, febres, doenças, tropicais, desistiram da procura. Como é bom crer num Deus que ouve as orações ! temos a certeza de que David lia a Bíblia e orava sobre aquela triste situação - David não morreria desta vez. Em 1871, Stanley, um repórter, com 191 pessoas partem á procura de David. Foi a sua maior aventura jornalística. Enfrentou muitos problemas, febre amarela disenteria, chuvas constantes e pesadas durante todo o tempo, mas ele prosseguia firme no propósito de encontrar David.
Logo em seguida, sob os olhares de todos, á frente da expedição, apareceu Stanley e logo após, a bandeira dos Estados Unidos da América, tremulando nos ares africanos! David, fraco, mas com esforço se colocou de pé, e firme para receber tão desejada visita. Era a primeira vez que via um homem branco depois de cinco anos. Ficaram muito tempo conversando e rindo contando suas aventuras. Não havia remédio, roupas, alimentos, vitaminas nada. David recebeu com satisfação tudo que Stanley lhe trouxe da Inglaterra. Leu com alegria as notícias e ficou sabendo o que se passava no mundo.
Stanley convidou David a voltar para a Inglaterra. Disse-lhe ”vamos juntos, você está fraco e doente” “Não”, - respondeu David – “Tenho muito que fazer – tenho de terminar o meu trabalho”.
Stanley insistiu, mas não conseguiu mudar a ideia dele. Finalmente, apertando as mãos, despediram-se.
Antes de iniciar a sua última expedição, para descobrir as nascentes do rio Nilo, tendo ficado só, longe de sua civilização, ele fez uma oração – e esta foi encontrada em um diário – “Meu Deus, meu Pai, minha vida meu tudo. Novamente dedico todo o meu ser a Ti. Aceita-me e concede, Oh misericordioso Pai, que antes do final do ano eu possa findar a minha obra. Em nome do Senhor Jesus Cristo, amém!!!”
Em 1872, a sua idade e forças já não eram como as de antes. Cansado e exausto pelas longas viagens, ficou doente. Mas ele não desistiu. Fizeram-lhe uma liteira e, colocando-o dentro, o transportaram até á aldeia de Ilaba. A chuva caía sem cessar. Ele quase não falava. Mas mesmo assim, David não deixava de fazer os cultos aos domingos e orar com os seus companheiros. De vez em quando lhes pedia para pôr a maca no chão. Construíram uma pequena cabana, e lá puseram o doente. Não podia ir mais além.
Uma hora antes de amanhecer, viram David de joelhos ao lado da cama, com a cabeça entre as mãos. David acabava de fazer a sua grande e última viagem – foi para o céu. Não conseguiu realizar o seu sonho – descobrir as cabeceiras do rio Nilo.
Milhares de pessoas que o ouviram e aceitaram Cristo, em suas vidas, foram prestar-lhe o último adeus. Tinham tanto amor por David, que não queriam ficar sem ele.
Um navio de guerra levou o seu corpo para Inglaterra. O mundo todo chorava a sua morte. Na Inglaterra, o seu corpo foi colocado na Abadia de Westmister, onde são sepultados os reis e heróis da raça anglo-saxónica. Há um grande monumento em honra a Livingstone, na Escócia. Mas a maior das homenagens, está em África – onde existe até hoje a sede da missão Livingstónia. Lá é um dos lugares onde muitas pessoas estudam e são preparadas para serem missionárias e missionários.
Por Alexandre Luiz